Entenda como surgiu o Canarinho pistola, sucesso das Copas

Fotos: Lucas Figueiredo/CBF

“As pessoas falam que ele tem a cara de raiva, mas ele não é bravo. Ele é focado, é diferente. Ele tem a cara que é a cara de todo brasileiro antes de qualquer jogo da Seleção”. Você provavelmente sabe quem é o sujeito dessa afirmação, não é mesmo? O mascote fora dos padrões — o nosso Canarinho — não foi um acidente, pelo contrário, e o Correio conversou com Gilberto Ratto, o diretor de marketing do novo mascote para entender como se deu a criação e o sucesso deste, que pode ter sido um dos maiores golpes de publicidade da história do nosso futebol.
Se você parar para pensar, qual o nome do mascote oficial da Copa do Mundo da Rússia 2018? Dica: não é o nosso Canarinho. Difícil lembrar, não é mesmo? Tudo bem, a gente te ajuda. Zabivaka, o lobinho siberiano segue a linha da maioria dos mascotes. Sorriso solto, expressões amigáveis, talento com a bola e uma tendência a abraçar crianças. Talvez, essas características sejam a principal razão pela qual o pequeno Zabivaka não decolou: o lobo é muito comum.
Este, entretanto, não é um problema para o Canarinho brasileiro, redesenhado em 2016. Na contramão dos rostinhos felizes, a ave — popularmente conhecida como “pistola”, nome que a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) não corrobora — foi especialmente desenhada para ser “menos amigável”, pelo menos é o que explica Ratto: “A gente notou que precisava criar uma aproximação maior com a torcida, e então começamos a criar estratégias para aproximá-lo mais da população.Não foi só o mascote que fez parte dessa renovação, tiveram campanhas publicitárias, foi todo um movimento que ajudou o canarinho a se popularizar”.
Culturalmente pistola
Essa renovação, ainda de acordo com o diretor de marketing, foi construída com base no aspecto cultural do torcedor de futebol brasileiro, principalmente, os mais jovens: “O Canarinho não é uma novidade, já era famoso desde a década de 1960, mas a gente precisa deixar ele mais real, mais material e, principalmente mais jovem, que é um publico diferente. A gente começou a estudar o jovem brasileiro, que é um publico mais sério quando se trata de futebol, que leva o esporte muito a sério e que não aceita perder. Então, o Canarinho ganhou o perfil do brasileiro que gosta de futebol, e está ansioso para encarar o futebol como coisa séria”.
Além do rosto, a personalidade do Canarinho foi essencial para compor o personagem vestidos por três homens diferentes — todos mantidos em segredo pela CBF. “A gente fez algo ao contrário dos mascotes felizes do mundo inteiro, o canarinho tem uma personalidade, ele anda de um jeito particular, e o público notou que isso é diferente, e atraiu atenção. O mascote surpreendeu positivamente, ele foi feito para o público mais jovem, mas foi abraçado por todos os públicos e se tornou um símbolo da nossa Copa”, destaca Ratto.
Sucesso em números
Se oficialmente o mascote amarelo surpreende nas ruas, no meio digital, o sucesso se traduziu em números. Ratto faz questão de frisar que o mascote não tem nenhuma conta em redes sociais – aparecendo somente nas publicações da CBF. Entretanto, — como de costume — a internet não perdoa, e as piadas com Canarinho sisudo se multiplicam em várias contas fakes.
No Twitter, o destaque fica com o @canariopistola, que com mais de 57 mil seguidores, aposta em muito xingamentos e irreverência para apoiar a Seleção, como está do último dia 2 de julho: “Voa Canarinho, voa. Voa e caga na cabeça do Layun”, em referência ao jogador mexicano que pisou em Neymar. Já no Facebook, as páginas conseguem alcançar uma média de 140 mil curtidas.
Ratto conclui:“A gente não mensurava o tamanho que ele atingiria. Hoje, já tem mais de 20 produtos licenciados do canarinho”.
História dos símbolos 
O Canarinho, como mascote da Seleção, foi criado ainda em 1953, por Adyr Garcia Schlee (na época com 19 anos, hoje com 84), e muitas das características originais se mantêm, como o uniforme com as cores da bandeira. Entretanto, ele não é único a representar nosso futebol. Entre os mascotes oficiais da FIFA (Federação Internacional de Futebol), os bichinhos criados pelas confederações dos países e até mesmo os representantes completamente não oficiais, sempre surgiram na história das copas aqueles símbolos que mais chamam a atenção. Confira:
Leão Willie 
O primeiro mascote das Copas foi o leãozinho Willie em 1966, na Copa da Inglaterra. O valor do símbolo do britânico foi o de abrir as portas para todos os outros que viriam no futuro.
Arakém, Gol Man 
Sob a interpretação de José Antônio de Barros Freir, o Arakém já era conhecido pelo público, mas ganhou relevância mesmo no ano de 1986, durante a Copa do México. Muito animado, e sempre ironizando o oponente, o Arakém marcou a história.
Jabulani 
A bola oficial da Copa da África do Sul, a Jabulani ganhou o mundo por conta de uma polêmica: os jogadores a acusaram de ir para uma trajetória contraria ao chute. Verdade? Os cientistas descobriram que sim: por culpa da forma completamente redonda do objeto.
Fuleco 
O tamanduá da CBF de 2014 até que era fofinho, mas o nome irônico e — principalmente — a derrota histórica contra a Alemanha deram ao brasileiro um gosto amargo em relação ao bichinho.
Correio Braziliense

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