Pesquisadores da Paraíba criam anti-hipertensivo a partir da casca do jatobá

Produto vegetal demonstrou potente capacidade de reduzir a pressão arterial de ratos hipertensos

Pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) obtiveram extratos, frações e compostos isolados com propriedade anti-hipertensiva a partir da casca do caule da Hymenaea rubiflora Ducke, conhecida popularmente como jatobá, árvore comum em alguns estados do Nordeste, incluindo a Paraíba.

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O produto vegetal demonstrou potente capacidade de reduzir a pressão arterial de ratos hipertensos. Espera-se que se transforme em mais uma possibilidade de medicamento ou de nutracêutico, composto bioativo presente em alimentos, para o tratamento da hipertensão arterial em humanos.

“Este composto é obtido por meio da maceração da casca do caule, podendo ser apresentado na forma de extrato, frações, liofilizado (processo de desidratação em que o produto é congelado sob vácuo) ou compostos bioativos isolados, com aplicação na área de tratamento de doenças que têm o estresse oxidativo como uma de suas etiologias (estudo das causas das doenças), visando especificamente a redução da pressão arterial em hipertensos”, explica um dos inventores do produto vegetal, o professor do Departamento de Educação Física da UFPB, Alexandre Sérgio Silva.

O próximo passo da pesquisa é o estudo clínico com humanos. Segundo o relatório do depósito da patente da UFPB, atualmente, a terapia medicamentosa anti-hipertensiva apresenta eficácia na redução da pressão arterial, porém cada fármaco atua em apenas um determinado sistema de controle de pressão, de acordo com a classe, que pode ser vasodilatadores diretos, alfabloqueadores, diuréticos, inibidores da ECA (Enzima Conversora de Angiotensina) – componente central do sistema renina-angiotensina, que atua no controle da pressão arterial regulando o volume de fluidos no corpo, entre outros.

Dessa forma, a maioria dos hipertensos necessita usar mais de um medicamento, com diferentes mecanismos de ação, para que seja atingido o adequado controle da pressão arterial, podendo eventualmente surgir efeitos adversos.

Conforme o relatório do depósito da patente da UFPB, é sabido que, embora eficientes medicamentos atuem no controle pressórico, apenas 20 a 30 % das pessoas que se tratam exclusivamente com remédios conseguem manter a pressão arterial controlada.

Uma provável explicação para isso é que, enquanto os fármacos atuam em apenas um mecanismo hipertensivo, a hipertensão arterial tem vários mecanismos que agem ao mesmo tempo. Essa constatação sugere que ainda são necessários o desenvolvimento de produtos de origem farmacológica ou nutracêutica com capacidade de promover redução da pressão arterial e preferencialmente que atuem em vários sistemas de controle da pressão arterial.

Alexandre Sérgio Silva conta que este estudo da UFPB faz parte de uma linha de pesquisa que tem a missão de testar a capacidade de diversos alimentos para reduzir a pressão arterial em hipertensos.

“Iniciamos os testes pensando na fruta jatobá. Entretanto, ao realizarmos os testes para verificar a composição nutricional da fruta, fizemos também do caule, porque, na cultura popular, usa-se o caule para fazer chá. Então descobrimos uma quantidade de antioxidantes muito maior no caule do que no fruto. Por isso, investimos no composto retirado do caule”.

De acordo com o pesquisador, há dois bilhões de hipertensos no mundo. “Uma vez que venha a se tornar um medicamento ou nutracêutico, todas estas pessoas são potenciais beneficiados”.

Também são inventoras do produto vegetal as pesquisadoras da UFPB Luciana Toscano e Klébya Oliveira. As empresas e pesquisadores interessados em trabalhar com o anti-hipertensivo devem entrar em contato com a Agência de Inovação Tecnológica (Inova) da UFPB, pelo e-mail inova@reitoria.ufpb.br.

Portal Correio

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